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Relatório sobre a saúde mental em Portugal

  • blogpsicologiacdll
  • 3 de dez. de 2023
  • 8 min de leitura

Olá caros passageiros! Como vão essas viagens?. Hoje o nosso destino é Portugal! Sim, desta vez ficamo-nos por um voo nacional. Não se preocupem pois será muito informativo, visto que vamos explorar o tema da saúde mental.

A saúde mental é um tópico extremamente relevante nos dias que correm. Ao nível do nosso país ,há muito para ser dito, pelo que vamos explorar os seguintes tópicos ao longo do nosso trabalho:




O que é a saúde mental?


A saúde mental é, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de maximizar as suas capacidades, recuperar do stress típico da vida em sociedade e ser produtivo. Neste contexto, conclui-se que a saúde mental implica muito mais do que a ausência de doenças mentais.





Factos e números sobre doença mental (realidade mundial/europeia vs portuguesa)


Para se ter consciência da sua amplitude, vamos comparar a realidade mundial com a

portuguesa. É de destacar que cerca de um bilhão de pessoas (12% da população mundial)

vivem com algum tipo de transtorno mental no mundo sendo, desse total, 14% adolescentes.

Já em Portugal, quase um quinto da população (18,4%) sofre de uma doença mental, o que faz de Portugal o 5º país com mais casos de doenças mentais da União Europeia.

Mais ainda, a depressão é das doenças mais comuns, afetando cerca de 300 milhões de

pessoas em todo o mundo e 8% da população portuguesa. A ansiedade -outro tipo de

perturbação- abrange cerca de 0,004% da população mundial (valor semelhante ao da

depressão) e à volta de 9% da população portuguesa.




O sistema de saúde mental português e o seu desempenho

Portugal tem enfrentado desafios no que diz respeito à saúde mental, tais como a falta de recursos, longos tempos de espera para consultas e tratamentos e o estigma associado às questões de saúde mental. O governo português tem implementado iniciativas para melhorar o sistema de saúde mental, incluindo a expansão de serviços e a promoção de campanhas de sensibilização. No entanto, a elevada procura supera, por vezes, a capacidade do sistema

Dificuldades/estigmas associados à doença mental

A saúde mental por vezes é subestimada pela população, gerando dificuldades e estigmas relativamente à doenças mentais, como por exemplo:

  • Perturbações e doenças mentais são inventadas

  • Esses mesmos problemas são inventados como forma de atrair a atenção

  • As doenças mentais não são debilitantes

  • Perturbações psicológicas são facilmente curadas

  • A maior parte das doenças mentais são exageradas

  • Dificuldade em obter ajuda, visto que os problemas associados à doença mental não são considerados credíveis


Impacto da Covid 19 na saúde mental





A pandemia foi extremamente prejudicial para a saúde mental da população portuguesa em geral. O isolamento e distanciamento social, a incerteza acerca do futuro e o medo do desconhecido levaram ao aparecimento de várias patologias na população e um declínio do bem-estar psicológico em geral. De facto, após a declaração a 30 de Janeiro de 2020 da OMS que destacava o surto de covid-19 como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional, a vida de toda a gente mudou. O teletrabalho foi banalizado, bem como as aulas online e muitas pessoas ficaram desempregadas após o encerramento de postos de trabalho que requeriam a presença dos trabalhadores.


Assim, vários países instituíram leis e regras acerca das quarentenas, das possibilidades de sair à rua e até de ver outros familiares. O modo de viver da população mudou drasticamente. Deste modo, para além de todas as implicações físicas que o vírus teve, também ocorrem alterações negativas ao nível do bem-estar emocional e psicológico.

Neste sentido, foi realizado um estudo pelo Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em colaboração com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental chamado SM-COVID-19. Neste estudo, foram consideradas as amostras de residentes em Portugal, com idade igual ou superior a 18 anos e profissionais de saúde com atividade em território português de várias carreiras e categorias profissionais, com recolha de dados entre 22 de maio e 14 de agosto de 2020 de forma a aferir o efeito da pandemia na saúde mental. De acordo com os resultados obtidos, ocorreu o desenvolvimento de várias perturbações do foro psicológico na população em geral:

  • 33.7% sofrimento psicológico

  • 27.0% ansiedade moderada ou grave

  • 26.5% stress pós-traumático

  • 26.4% depressão moderada a grave

  • 25.2% burnout

Para além disso, os grupos mais afetados pelo sofrimento psicológico foram as mulheres, os jovens entre os 18 e os 29 anos, as pessoas desempregadas e os indivíduos com baixo rendimento.


Grande parte destes problemas ao nível psicológico surgiu devido à preocupação em relação ao futuro incerto, uma vez que não se sabia quanto tempo demoraria ou sequer se seria possível existir uma vacina, à situação económica que resultou da pandemia e que colocou em risco o rendimento de grande parte da população, à disrupção da rotina que resultou do confinamento obrigatório e à falta de socialização que se deveu à utilização predominante dos meios digitais para comunicar.


Assim, a saúde mental ficou comprometida, nomeadamente nos casos de pessoas que ficaram em quarentena, isoladas ou recuperadas após a infecção (mas que não foram internadas), o que se refletiu no estudo, visto que 72% das pessoas apresentaram sofrimento psicológico, 56% apresentaram sintomas de depressão moderada ou grave, 36% apresentaram ansiedade moderada a grave e 43% apresentaram stress pós-traumático. Além disso, grande parte das pessoas que estiveram internadas em ambiente hospitalar ou nos cuidados intensivos foram diagnosticadas com ansiedade moderada ou grave(92%).


A nível profissional, os funcionários de saúde evidenciaram um declínio acentuado no que toca à saúde mental, revelado no estudo através de taxas muito elevadas de perturbações e mal-estar psicológico e emocional:

  • 44,8% sofrimento psicológico

  • 32.1% burnout

  • 30.8% ansiedade moderada ou grave

  • 28,4% depressão moderada ou grave

  • 26,2% stress pós-traumático

Deste modo, verifica-se o grande impacto da pandemia sobre os profissionais de saúde, sobretudo os que estiveram em contacto direto com pacientes com COVID-19, que apresentaram um risco 2.5 vezes maior de sofrerem psicologicamente do que os profissionais que não trataram de doentes com COVID-19. Neste sentido, grande parte destes problemas ao nível da saúde mental dos profissionais de saúde deveu-se ao contacto regular e presencial com pacientes, especialmente aqueles que estavam infetados com COVID-19, ao baixo rendimento, à sobrecarga de tarefas e à dificuldade na conciliação trabalho-família.


Outra investigação permitiu concluir que a saúde mental dos adolescentes foi seriamente afetada pela pandemia. De acordo com o estudo realizado por uma equipa da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), liderada por Ana Paula Matos e que contou com a colaboração de investigadores da Universidade Emory, nos Estados Unidos da América, e da Universidade da Islândia, 14% dos adolescentes, com idade compreendidas entre os 13 e 16 anos e uma média de idades de 14 anos, apresentaram sintomatologia depressiva elevada durante a pandemia, sendo esta percentagem ( acima de 90%) alarmante visto que foi superior à encontrada num estudo conduzido pela mesma equipa durante a crise financeira portuguesa de 2009-2014, que era de 8%. Além disso, foi revelado um aumento exponencial de sentimentos de tristeza, medo e raiva durante as duas vagas da pandemia na população inicialmente estudada (206 adolescentes a frequentar o 9º ano de escolaridade,51% raparigas).


Adicionalmente, algumas investigações (diferentes dos estudos mencionado anteriormente) sugeriram que, em pessoas que sofriam de perturbações mentais prévias, antes da pandemia, ocorreu um aumento do sofrimento psicológico e um aumento das situações de recaída, comportamento suicida e isolamento social, resultante da falta de acesso a serviços psiquiátricos ou da falta de sessões presenciais.


Desta forma, é possível concluir que a pandemia afetou a saúde mental da população portuguesa em geral de forma extremamente negativa, independentemente da faixa etária.



Projetos/instituições que visam a prevenção e promoção da saúde mental





Promoção e prevenção da saúde mental

Neste tópico, vamos ver as diferentes ações que estão a ser planeadas por várias organizações a nível nacional e internacional para promover e prevenir doenças mentais.


Objetivos do Plano de Ação Integral de Saúde Mental OMS

1. Aprofundar o valor e o compromisso que damos à saúde mental.

- Incluir pessoas com problemas de saúde mental em todos os aspectos da sociedade e tomar decisões para superar o estigma e a discriminação, reduzir as disparidades e promover a justiça social.


2. Remodelar ambientes que influenciam a saúde mental, incluindo lares, comunidades, escolas, locais de trabalho, serviços de saúde, ambientes naturais.

- Intensificar o engajamento em todos os setores, inclusive para entender os determinantes sociais e estruturais da saúde mental e intervir de forma a reduzir riscos, construir resiliência e desmantelar barreiras que impedem pessoas com problemas de saúde mental de participar plenamente da sociedade.


3. Fortalecer os cuidados de saúde mental mudando onde, como e por quem os cuidados de saúde mental são prestados e recebidos.

- Construir redes comunitárias de serviços interconectados que se afastam dos cuidados de custódia em hospitais psiquiátricos e cobrem um espectro de cuidados e apoio por meio de uma combinação de serviços de saúde mental integrados aos cuidados gerais de saúde; serviços comunitários de saúde mental; e serviços para além do sector da saúde.

- Diversificar e ampliar as opções de atendimento para condições comuns de saúde mental, como depressão e ansiedade, que tem uma relação custo-benefício de 5 para 1. Essa ampliação inclui a adoção de uma abordagem de compartilhamento de tarefas, que expande os cuidados baseados em evidências a serem oferecidos também por profissionais de saúde em geral e provedores comunitários. Também inclui o uso de tecnologias digitais para apoiar a autoajuda guiada e não guiada e fornecer atendimento remoto.



Objetivos da Linhas de Ação Estratégica para a Saúde Mental e o Bem-Estar na Europa

  • Garantir a implementação eficaz e sustentável de políticas que contribuam para a promoção da saúde mental e para a prevenção e tratamento das doenças mentais;

  • Desenvolver a promoção da saúde mental e os programas de prevenção e intervenção precoce, através da integração da saúde mental em todas as políticas e de uma cooperação entre vários sectores;

  • Garantir a transição para um tratamento abrangente e para cuidados na comunidade de elevada qualidade, acessíveis a todos, com ênfase na disponibilização dos cuidados de saúde mental para todas as pessoas com doenças mentais, na coordenação dos cuidados de saúde e sociais para pessoas com doenças mentais mais graves, bem como em cuidados integrados para pessoas com doenças mentais e físicas;

  • Fortalecer o conhecimento baseado na evidência científica e a partilha de boas práticas na saúde mental;

  • Criar parcerias para o progresso



Missão do PNSM (Plano Nacional de Saúde Mental)

  • Assegurar o acesso equitativo a cuidados de qualidade a todas as pessoas com problemas de saúde mental do País, incluindo as que pertencem a grupos especialmente vulneráveis;

  • Promover e proteger os direitos humanos das pessoas com problemas de saúde mental;

  • Reduzir o impacto das perturbações mentais e contribuir para a promoção da saúde mental das populações;

  • Promover a descentralização dos serviços de saúde mental, de modo a permitir a prestação de cuidados mais próximos das pessoas e a facilitar uma maior participação das comunidades, dos utentes e das suas famílias;

  • Promover a integração dos cuidados de saúde mental no sistema geral de saúde, tanto a nível dos cuidados primários, como dos hospitais gerais e dos cuidados continuados, de modo a facilitar o acesso e a diminuir a institucionalização

Bom caros viajantes, esperamos que agora estejam mais informados sobre a saúde mental em Portugal. Aconselhamos agora a irem ver o projeto que criamos no âmbito deste tema.

A vossa agência de viagens preferida ,Mindjet.


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