Psicopatia
- blogpsicologiacdll
- 29 de mai. de 2024
- 4 min de leitura
Olá caros passageiros! Hoje o nosso destino é a Lua, onde vamos aprender mais sobre alguns aspetos obscuros da nossa mente. Mais especificamente, neste post vamos explorar a psicopatia.
Quando ouvimos a palavra "psicopata", normalmente, a primeira ideia que nos vem à mente é a de uma pessoa fria e calculista, capaz de cometer atos violentos horríveis sem remorsos. Na verdade, nas séries e nos filmes esta é a representação mais comum, pelo que associamos a psicopatia a aspetos negativos e deploráveis. No entanto, a psicopatia não se resume a isto como iremos ver a seguir.
O que é a psicopatia?
A psicopatia é um transtorno de personalidade que envolve alguns traços como a falta de empatia, a dificuldade em controlar alguns impulsos e uma fraca resposta emocional.

Contudo, este transtorno não apresenta uma definição única, visto que já não constitui uma possibilidade de diagnóstico de acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V), onde a psicopatia foi substituída pelo transtorno de personalidade antissocial que , embora apresente aspetos semelhantes à psicopatia, centra-se sobretudo nos comportamentos associados à mesma (a impulsividade , a agressão e violência), não abordando de forma completa a componente da personalidade, nomeadamente o narcisismo, a insensibilidade e a falta de remorsos.
Deste modo, apenas alguns indivíduos diagnosticados com transtorno de personalidade antissocial cumprem também os critérios relacionados com a psicopatia.
Assim, alguns especialistas consideram a psicopatia como um transtorno de espetro, pelo que um indivíduo pode apresentar algumas características típicas da psicopatia, mas não outras.
De que forma se identificam os traços relacionados com a psicopatia?
Através do modelo triárquico da psicopatia criado e estudado pelos autores Patrick, Fowles e Krueger (2009), é possível identificar três componentes independentes que são subjacentes aos comportamentos psicopáticos:
disinhibition: falta de inibição ao nível comportamental e emocional, refletindo-se pela impulsividade, irresponsabilidade e raiva ou hostilidade do indivíduo. Esta é também caracterizada por um pobre planeamento e capacidade de previsão, défices na regulação emocional e de impulsos, insistência na gratificação imediata e défices no controlo de comportamentos.
meanness: é definida como a procura de recursos através da agressividade e sem ter em consideração os outros (desvinculação ativa). Além disso, inclui aspetos como a falta de empatia, desdém por ou falta de vínculos afetivos com os outros, exploração e procura de poder através da crueldade. Reflete-se na personalidade e comportamento do indivíduo pela tendência para a frieza e pela procura de sensações fortes.
boldness: capacidade que um indivíduo apresenta de se manter calmo e concentrado em situações de stress elevado ou em situações em que exista uma ameaça, bem como a sua capacidade de recuperar rapidamente após estas situações. É também caracterizada pela eficácia social e autoestima elevadas, e por tolerância relativamente ao desconhecido e ao perigo.
Tanto a boldness como a meanness resultam de défices no sistema do medo (trait feralessness).

O facto de as três componentes serem separadas neste modelo, permite aos investigadores interpretar a personalidade e comportamento do indivíduo de forma mais flexível, permitindo um estudo mais abrangente do distúrbio recorrendo a outras técnicas e modelos. Para além disso, permite o estudo de diferentes graus e subtipos de psicopatia, de acordo com a localização do sujeito no espetro e a combinação de traços que apresenta. Por exemplo, um indivíduo pode apresentar traços coincidentes com "bold-disinhibited" enquanto que outro indivíduo pode apresentar um conjunto de comportamentos e atitudes mais compatíveis com "mean-disinhibited".
Quais as causas da psicopatia?
Ao longo do tempo, diversos estudos foram realizados com o objetivo de tentar descobrir quais os fatores que influenciam o desenvolvimento da psicopatia. Deste modo, surgiram várias causas possíveis, relacionadas com o ambiente em que o indivíduo cresceu e com a genética, entre outros.
Alguns estudos concluíram que, em pessoas que apresentavam traços típicos da psicopatia, a sua amígdala (uma estrutura localizada no cérebro muito importante para o processamento de emoções) era mais pequena e apresentava anomalias, contrariamente a indivíduos que apresentavam um desenvolvimento neurológico normal.
No entanto, o ambiente que rodeia os indivíduos durante os anos mais importantes da sua formação também afetam a possibilidade de desenvolvimento de traços compatíveis com a psicopatia. Nomeadamente, ambientes familiares instáveis em que ocorre o abuso infantil podem levar ao desenvolvimento de um indivíduo com uma menor empatia, entre outras características. Contudo, isto não quer dizer que todas as crianças que crescem nestas condições apresentarão traços de psicopatia no futuro.
Na verdade, as causas da psicopatia não estão bem definidas, pelo que recomendamos a leitura dos artigos que se encontram na webgrafia (nomeadamente o seguinte artigo https://www.apa.org/monitor/2022/03/ce-corner-psychopathy )

Assim, podemos concluir que, apesar de a maior parte dos indivíduos estudados que apresentam psicopatia terem cometido crimes devido à sua falta de controlo sobre os seus impulsos e o processamento deficiente de emoções e informação (entre outros fatores), também existem pessoas que apresentam traços dentro do espetro da psicopatia que são perfeitamente capazes de levar vidas normais na nossa sociedade. Na realidade, é importante estarmos informados sobre o que é a psicopatia, de forma a combater o estigma associado.
Esperemos que tenham gostado desta viajem caros passageiros e até à próxima.
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